Simão Cadete: “Foi um momento de festa”
- Nova Gazeta
- 22 de set. de 2016
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O ex-candidato à eleição precidencial da extinta AD-Coligação Simão Cadete, em entrevista exclusiva ao Nova Gazeta, recorda as eleições de há 24 anos e compara com o presente.

Que memórias tem dessas primeiras eleições?
Destaco a expectativa de que o acto eleitoral permitiria enterrar em definitivo a guerra, tendo produzido uma grande mobilização, adesão e entusiasmo. Em segundo lugar, a grande frustração e o enorme desencanto com a crise pós-eleitoral que acabaria por conduzir ao retorno do conflito armado.
Como caracteriza essa campanha?
Apesar das nuvens que já vinham ensombrando o processo dos incidentes que iam ocorrendo, os angolanos fizeram da campanha eleitoral um momento de festa.
O que falhou?
Todo o processo deve poder ser verificado, escrutinado, em todas as fases e não só no dia das eleições. Quando não acontece, cria-se um ambiente para a crise. Em 1992, não se conseguiu criar essa confiança, até mesmo pelas circunstâncias particulares: havia um histórico de desconfiança entre o MPLA e a UNITA, que vinha da guerra e que deveria ter justificado um maior cuidado na preparação e condução do acto eleitoral. Acresce-se ainda o facto de, na época, coexistirem três exércitos: FAPLA e FALA, em vias de extinção, e as FAA em formação.
Em que circunstâncias deixou Angola?
Sai em Dezembro de 1992, na sequência da crise pós-eleitoral e dos confrontos de Outubro.
Como foi estar afastado de Angola durante muitos anos?
Como qualquer emigrante, não faltaram as saudades da família e dos amigos, mas a vida tinha de continuar. Com as minhas qualificações académicas e profissionais, consegui o enquadramento que me permitiu obter rendimentos necessários para a minha subsistência e da minha família.
Os ideais políticos da AD-Coligação continuam vivos?
A coligação resultou da vontade e convicção das lideranças dos partidos que a integraram. Esses ideais devem ser lidos e entendidos no contexto da época, até mesmo porque, desde então, foram várias as alterações ocorridas.
Admite voltar a política?
Tudo tem, o seu tempo e o seu momento.
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